As coisas estão mudando radicalmente no mundo do motores. Depois do advento dos propulsores híbridos movidos a petróleo e eletricidade, a indústria chegou a um novo patamar: o dos carros totalmente elétricos.
No próximo ano, a Tesla Motors, uma empresa criada em 2003 por um consórcio de empreendedores que inclui os donos do Google, Larry Page e Sergey Brin, vai lançar o Roadster, um esportivo dedois lugares que deverá se tornar um símbolo dos carros ecologicamente corretos.
Totalmente elétrico, design aerodinâmico, carroceira em fibra de carbono e bateria de lítio-íon, o Tesla (o nome é uma homenagem ao sérvio Nikola Tesla, que construiu o primeiro motor eletromagnético rotativo) promete o desempenho de uma Ferrari – vai de 0 a 100 km/h em quatro segundos e alcança mais de 200 km/h de velocidade final.
O Tesla será o primeiro supercarro elétrico. Mas é um carrinho bem mais modesto, que lembra uma pequena caixa de plástico com rodas, que há dois anos divide as ruas de Londres (Grã-Bretanha) com Jaguars e Mercedes. Projetado na Califórnia (EUA) e construído em Bangalore (Índia), o G-Wiz deve sua popularidade ao pesado imposto que as autoridades londrinas instituíram para o uso de automóveis no centro da cidade (cerca de R$ 30, por dia).
Uma carga da bateria do G-Wiz custa cerca de R$ 1,10 e é suficiente para percorrer mais de 60 quilômetros a uma velocidade máxima de 65 km/h. Mas o G-Wiz não está sozinho. Outros três concorrentes disputam espaço com ele (veja reportagem na página 6).
Apesar da chegada do “todo elétrico”, o mercado de carros híbridos (que utilizam motores elétricos combinado a propulsores movidos por derivados de petróleo) ainda não se esgotou – e continua a apresentar idéias revolucionárias.
Até recentemente, os híbridos eram divididos em três tipos. A Toyota, que fabricou mais de metade dos 200 mil carros com motores híbridos vendidos no ano passado nos Estados Unidos, utiliza um sistema chamado “forte”. É o mais sofisticado, que permite andar apenas com eletricidade (por alguns quilômetros no tráfego da cidade), apenas com petróleo ou com uma combinação dos dois decidida pelo computador do carro.
Os híbridos da Honda, a segunda empresa do mercado, são do tipo “macio”. Andam com uma mistura variável de energia elétrica e petróleo, mas não apenas com um ou outro. O híbrido mais barato é o “pára-e-anda” – o motor apaga quando o carro pára no tráfego e religa no momento em que o motorista aperta o acelerador.
Então, apareceu a Mitsubishi com o seu Concept-CT – e elevou a categoria dos híbridos a um novo patamar. O carro utiliza uma tecnologia que a montadora chamou de Mitsubishi In-wheel Eletric Vehicle (MIEV).
Consiste de um motor 1.0 de três cilindros e 67 cavalos de potência, movido a combustível mineral e instalado na traseira do automóvel, complementado por quatro motores elétricos, um para cada roda. Baterias de lítio-íon, colocadas sob o assoalho, na frente do carro, alimentam os motores das rodas dianteiras. O computador controla a velocidade dos motores e decide para onde enviar mais ou menos potência.
Ao usar quatro fontes separadas de energia, os engenheiros criaram um carro que transmite potência para todas as rodas sem necessitar de um pesado conjunto de transmissão e barras de direção. Ao mesmo tempo, deixaram um espaço livre no centro do carro, que pode ser usado para acondicionar a bagagem.
Por enquanto, a Mitsubishi não revela itens como a aceleração, a velocidade máxima e a economia proporcionada pelo Concept-CT. Mas a empresa acredita que o design do carro, que ainda não está à venda, servirá de base para futuros automóveis híbridos e orientará o caminho para a obtenção de mais potência a partir da eletricidade.
A fábrica japonesa pelo menos utilizará essas idéias para desenvolver o Lancer Evolution MIEV, que deve chegar ao mercado em 2010.